Avec le temps

 

Há alguns anos eu assisti à Hell. Havia alugado, após uma recomendação na própria locadora, após ficar irritadiça por não conseguir encontrar nada de diferente para alugar, o que costuma acontecer, quando vou atras de alguma novidade para alugar. Ao pegar a sinopse atrás do dvd, lembro-me de ter crido em algo completamente diferente do que seria posteriormente retratado. Chamara minha irmã para assistí-lo junto a mim e, sorte?, ela demorou-se a vir, a tempo de eu reparar que o filme em nada tinha a ver com a mesma e alarmá-la sobre isso.

 

O filme começou. Hell apresenta-se e minha mente começa a viajar. Por quê estou a assistir essa porcaria?, pensamos. Continuo a assistir e acabo-me por ver similiaridades àquela babaca de protagonista. Como posso ter algo de comum com uma garota mimada, alcoolatra, drogada?
Ela não sente nada. Até ele aparecer. E ele se foi. E ela não sabe como continuar.

 

O tempo passa, não lembrava mais dos detalhes da história, da cara dos personagens. Apenas o resquício de já ter visto o filme.

 

Semana passada peguei o livro para ler.

Achava que já sabia de tudo, apesar de crer que, como por diversas vezes, o livro superaria o filme.

O livro, completamente diferente do filme, me intriga, também.

Me pego pensando exatamente como no segundo parágrafo desse texto.

Como poderia, eu, ter similiaridades à esse ser ignóbil da narrativa?
Ela não sentia nada. Até ele aparecer. E ele se foi. E ela não sabe como continuar.

 

São tantos pensamentos descritos por Lolita que já habitaram pela minha mente, que me assusto ao revê-los, repensá-los.

A vida não descontinua e cá estou, a escrever coisas que parecem sem sentido, que me fazem reviver cada momento e tentar prescrever como continuar.

 

Recomendo a leitura e o filme também.

Só não se permitam aceitar a nostalgia que virá tentando apoderar-se de suas mentes.

 

 

– S.