Crescer: faca de dois gumes

Sempre achei que tinha me dado bem por não ter sofrido a dor do crescimento. Doce engano. Só não sofri a dor física. Hoje sofro a dor emocional. Não tinha me dado conta até esses dias que crescer às vezes, dói.

Crescer é confuso, beira o desespero.  É bom. É ruim. É necessário.

Não me entenda mal, não quero ser Peter Pan ou um dos meninos perdidos e muito menos morar na Terra do Nunca, mas acho que alguém poderia apertar o botão de slow motion. Tudo está indo muito rápido. Preciso tomar decisões muito rápidas. Escolher. Viver.

Eu até curto essa idéia, mas não estou com a mesma pressa de quem está com o controle na mão. Parecia ontem que eu estava decidindo se fazia química, medicina ou direito na faculdade, e hoje estou me formado em comunicação social!

Só queria poder respirar um pouco, essa é a verdade. Quase posso sentir o coelho da Alice correndo atrás de mim balançando seu enorme relógio.

Até outro dia, tinha medo de crescer e hoje mal posso esperar pelo dia que morarei sozinha e depois pelo dia que terei minha família. Confuso e rápido, viu?

Estou gostando de crescer, de tomar conta da minha vida, de escolher meus caminhos e como os trilharei, mesmo tendo batido com a cara em muros algumas vezes. Sei que foram escolhas que fiz para mim mesma. E se achar que errei o caminho é só voltar ou achar um atalho. Gosto da liberdade de poder ir xeretar um arbusto se esse me interessar. E posso falar? Já xeretei vários. Sou curiosa, ué.

Não gosto que tomem decisões por mim, mas às vezes tenho medo de tomá-las.  Às vezes as empurro com a barriga até o último momento. Às vezes decido sem pensar. Raramente me arrependo.

Acho que estou surtando por estar me formando e mais uma etapa da minha vida, do meu crescimento, estar se concretizando. Estou terminando um capítulo para começar outro. Será que vai ser a mesma coisa no próximo fim/começo?

– P.


A vida que segue…

Depois de uma conversa ontem, resolvi reler minhas agendas de 2008 e 2009 e posso dizer que ri muito, chorei e lembrei-me da menina doce e sem maldade que eu era.

Não pude deixar de pensar nela. Aonde ela foi? Ela ainda existe em mim? O que pensa da eu de hoje? O que ela falaria das pequenas confusões em que me meti? Sentiria orgulho por eu ter enfrentado alguns dos meus medos, por ter decidido viver minhas pequenas aventuras, por ter ido à luta de mim mesma?

Eu era tão boba, acreditava em tudo que me diziam e não via maldade em nada. Tudo era lindo e colorido.

Pois é, cresci. Vivi. Deixei de ser tão boba, passei a duvidar da maioria das coisas me contam e vejo as maldades do mundo. As coisas ainda são lindas e coloridas, mas agora também vejo tons de cinza que antes eu não via.

Se sinto saudades dela? Talvez da sua inocência, de não se preocupar com tantas coisas, mas não quero voltar a ser ela. No mundo de hoje, nas atuais circunstâncias, prefiro a eu de agora, sua malícia e seus olhos bem abertos para não ser passada para trás. 

The little girl you knew, the one who never stood up to you, who kept her silence too long, well, she’s gone with the wind. And now I’m standing my ground. Am who I am and for that that I’m proud.

A vida segue.
Beijos.

– P. 😉