Em outras circunstâncias, gostaria muito de você.

Te conheci bem antes do que você imagina, sério. Entrava nas suas redes sociais, ficava fuçando comunidades, tweets, fotologs. Sua vida era um livro escancarado pra minha sede de curiosidade. Ué, quem não nunca fez isso? Você era importante pra uma pessoa que me era importante e eu quis saber mais.

Aos poucos fui descobrindo seus interesse e me via partilhando vários deles. Você vê todas as séries que eu vejo (e acabo vendo outras e gostando!! só porque vi que você assistia), é viciada no meu filme preferido, lê os mesmos livros que eu. Não é a toa que a gente goste da mesma pessoa e ela da gente.

Um belo dia a gente se conheceu.
Meu bem, eu já sabia tudo sobre você.
E tenho plena certeza de que você sabia tudo sobre mim.

Se não fosse por esse único contraponto, esse pequeno porém que tem um nome que mexe com a gente… Tenho certeza que seríamos melhores amigas. Você sabe disso tão bem quanto eu.

É, em outras circunstâncias, gostaria muito de você.

– S.


Um Novo Você – sonhos de uma mente perigosa.

Essa noite eu tive um sonho estranho.
Sonhei com um novo ele, um novo você.

Eu te conheço, mas nunca imaginei que sonharia com você.
Nós não somos nem tão amigos, não nos falamos muito, mas o sonho foi contigo.
Só D’s sabe porque.

Eu estava numa casa, não sei bem de quem, mas tinha uns amigos meus, poucos. Tinha também umas pessoas da minha família, como meu pai, o marido da minha avó e meu tio. Alguns pais e mães de amigos, conhecidos. E você, que eu nunca imaginaria estar ali.
Tudo corria bem, todos conversando, parecia ser uma reunião. Eu estava brincando com um bebê.
Até que o bebê começou a chorar.
Na frente de todos eu recebi um esporro descomunal e comecei a chorar.

Fui correndo para o quarto – mistura do meu com o de mais algumas pessoas que eu conheço – e fiquei a chorar por uns minutos.
Ninguém parecia se importar, ninguém entrara atrás de mim.

Saio em direção a sala, quando abro a porta lá está ele.
Você é alto, levanto a cabeça, nossos olhos se encontram.
Me dá um meio sorriso, vem por tras de mim e me abraça.
Apoio minha cabeça no seu peito, fecho os olhos e as lagrimas voltam a escorrer, transbordar.
Não entendo o porque de você estar ali, mas é o melhor que eu poderia querer.

Você me faz cócegas e, mesmo que geralmente eu não sinta, me faz rir.
Vamos caminhando em direção a varanda, abraçados, rindo.
Paramos assim, nessa posição, no parapeito.
Começa a me contar coisas sem sentido pra mim, aceno a cabeça, mostrando que estou ouvindo e entendendo.

Aos poucos vou me sentindo melhor, até que não lembro mais de estar chorando e volto a me perguntar que raios você fazia ali. Me pergunta se quero sair dali.
“Daqui a pouco, eu estou tão bem aqui”.

 – S.


Oi. Simples assim. Ou não.

Oi.

É assim que começa.
O começo de tudo, o começo de uma coisa aleatória, o começo do fim.

Com um simples Oi.

Tudo bem?
Seguido de “Tudo”.
O Tudo pode sofrer uma infinidade de variações pontuais.
Pode ser seguido de um ponto, ponto de exclamação, reticências…

Quando o último caso é o que vem depois do Tudo, normalmente significa que Não Está Tudo Tão Bem Assim.
E é aí que você entra.

Não é pra qualquer um que eu conto que Nem Tudo Está Tão Bem Assim.
Você faz o Tudo Está Uma M* se tornar um Quase Tudo Está Uma M* e isso já é um pouco melhor.
Esse primeiro Oi pode ser pelo telefone, ou num sms, no msn, chat do facebook, reply ou dm no twitter, skype, etc.
Ver o seu nome na tela, escutar a sua voz, faz o Tudo Está Uma M* ficar um pouquinho menos M*.

As suas palavras nem sempre são as certas.
Os seus argumentos geralmente são insuficientes.
Mas essa atitude de Eu Me Importo Com Você é o que faz meus olhos brilharem.

E quando chega a hora do Tchau?
O Tchau traz consigo uma infinidade de sentimentos proporcionalmente opostos ao Oi.

Quando eu falo Então, Tá, Tchau. não significa que eu estou p* da vida, só que Eu Não Queria Dizer Tchau.
Não que eu tivesse algo importante a dizer. A maioria das nossas conversas não tem um tema importante. Elas só são significativas porque são com você.
Eu só não queria dizer Tchau. Não naquela hora e nem nunca.

Por fim, o Último Tchau.
Aquele que você pode já estar esperando, pode ser o que você vai ou o que você é pega de surpresa.
Quando chega a hora Último Tchau os sentimentos involtos dos Tchaus de todo dia, o dia todo, se multiplicam por milhares.
Quando o último Tchau não é meu, a vontade de voltar ao Primeiro Oi é estridente.
Mas não dá pra ser você a pessoa a voltar ao Primeiro Oi com ele depois de receber o Último Tchau.
Não dá, é ainda mais doloroso.

Então você se contenta em esperar para que um dia dê um novo Primeiro Oi.

I Just Call To Say Hello.

 

– S.


Aceitarás o amor como eu o encaro ?

Aceitarás o amor como eu o encaro ?…
…Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada.
Não desejo também mais nada, só te olhar,
Enquanto a realidade é simples,
e isto apenas.

Que grandeza… a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas.

– Mário de Andrade.

Uma singela homenagem ao dia do poeta.

– S.


Quando foi a última vez que você deixou seu coração decidir?

Ela já estava acordada fazia um tempo, na verdade nem dormiu. Quando percebeu que ele acordaria logo, virou para outro lado e tentou fingir que estava dormindo, sem saber que não daria certo.

– Eu sei que você está acordada. Vira para cá, vamos conversar. – ao fazer carinho em seus cabelos.

Ela parecia estar muda. Virou-se e apenas olhou para ele.

– Você não tem nada a falar?-  ele indagou meio decepcionado.

– Desculpa. – e tentou se virar para ficar de costas para ele novamente

– Não basta. – ele reclamou enquanto a segurava para que não virasse

– O que você quer ouvir então? – ela o encarou

– Que tal o  porque de você estar me evitando nos últimos dias? – ele ainda não a tinha soltado

– Me solta,  não vou fugir.

– Promete? – ela afirmou com a cabeça e se sentou na cama, respirou fundo…

– Eu fugi porque tive medo de não darmos certo, de sermos apenas mais um casal que finge estar feliz – uma lágrima cai de seus olhos e dessa vez quem ficou mudo foi ele. – Também não basta?

– Basta. E por que a distância esses dias?

Ela demorou a responder. Sabia que essa era a hora de ser sincera e se entregar para a vida.

– Porque eu estava deixando meu coração decidir.

– E o que ele decidiu?

– Decidiu que…

A jovem se inclinou e o beijou.

– …que chegou a minha vez de ser feliz, a nossa vez.

Ela escorregou e deitou ao lado dele. Ele a abraçou, aquele abraço de urso que ele sabia que era seu favorito, e a beijou.

– P.